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O futuro das profissões e as profissões do futuro


A revolta dos "Luditas" ocorreu entre 1811 e 1816 no Reino Unido e resultou da reação dos trabalhadores têxteis em regime de prestação de serviços ao aparecimento das fábricas e dos novos equipamentos de tecelagem que puseram em causa os seus postos de trabalho. A reação foi violenta com a destruição de instalações, das máquinas, do assassinato de alguns proprietários e levou à necessidade de intervenção do exército inglês em número superior às tropas inglesas que na altura combatiam Napoleão na Península Ibérica. Actualmente o "neo-ludismos" é um movimento que congrega as pessoas que se opõem ao desenvolvimento tecnológico e industrial.

A preocupação pelo impacto do desenvolvimento tecnológico na destruição dos postos de trabalho tem sido permanente: foi evidente nas Revoluções Industriais e torna-se evidente agora, na idade da digitalização exponencial. O recente protesto dos taxistas relativamente às tecnologias digitais, materializado na Uber, é um exemplo do efeito disruptivo no mercado de trabalho, mas a verdade é que este fenômeno é já uma realidade em muitas profissões: nos aeroportos o "checkin" já é assegurado por máquinas, para não falar no "checkin" online feito no conforto das nossas casas, nas cadeias de restaurantes de "fast food" já é possível escolher o ménu, pagar utilizando um"tablet" e depois levantar a comida, ou basta ir a uma agência bancária para perceber que grande parte das funções de um Caixa são asseguradas por uma máquina.

Parece pois legítimo perguntar onde este processo nos levará: quais as profissões que mais serão impactadas e quais as competências que os trabalhadores deverão desenvolver para navegar no mercado de trabalho do século XXI? Segundo a consultora Mckinsey, 45% das actividades pagas executadas nos estados unidos são passíveis de automação com tecnologia já disponível actualmente e representam 2 triliões de dolares americanos de salários por ano (Mckinsey Quarterly 2016 Number 1 - Four fundamentals of workplace automation).

Se é verdade que numa primeira fase a automação afecta principalmente os trabalhadores que desempenham tarefas repetitivas e indiferenciadas, actualmente, fruto do desenvolvimento da inteligência artificial e tecnologias associadas, o seu efeito estende-se cada vez mais a profissões desempenhadas por trabalhadores especializados, como médicos, gestores de activos e jornalistas, para citar alguns. No entanto, mais do que a total automação das profissões, pelo menos no médio prazo, a tendência será de automação de algumas tarefas dentro de cada profissão, o que exige uma redefinição das mesmas e dos processos que as sustentam.

Mais do que a substituição do Homem pela máquina, será a interação entre ambos que permitirá aumentar a produtividade e criar riqueza. As organizações que melhor efectuarem esta transição serão aquelas que conseguirão reter os seus melhores trabalhadores. Dota-los das novas competências será a chave do sucesso.

Daniel Pink no seu livro "Whole New Mind: why right brainers will rule the world/A Nova Inteligência - treinar o lado direito do cérebro é o novo caminho para o sucesso" refere as aptidões que considera adequadas para assegurar o sucesso profissional e realização pessoal na era que designa de "Idade Conceptual".

Estas aptidões apelam ao lado direito do cérebro onde se desenvolvem as capacidades de síntese, expressão emocional e contextualização e incluem: o Design - não é só a função mas também o design que cria uma ligação emocional com o produto ou serviço, a História - a essência da persuasão, comunicação e autoconhecimento passa pela construção de uma narrativa convincente, Sinfonia - ver a fotografia completa e ir para além do óbvio, por exemplo, desenvolvendo produtos e serviços que resultam de componentes já existentes mas que são combinadas de formas inovadoras, Empatia - que passa pela capacidade de abstração para nos pormos na "pele" do outro, sentir o que ele está a sentir e construir ligações de confiança, Diversão - pela evidencias dos benefícios para a saúde e desenvolvimento profissional do riso e bom humor e finalmente o Sentido - que dá um sentido e propósito à vida e que permite a realização pessoal de cada ser humano. Pode ver aqui uma entrevista da Oprah Winfrey ao autor.

As profissões do futuro que estarão mais protegidas do impacto da automação são aquelas cujas funções e processos exigem uma elevada criatividade e capacidade de síntese, que, por exemplo, combinem a componente de diversão com a capacidade de criar uma boa história e promovam um ligação emocional com o produto ou serviço ou que impliquem o desenvolvimento de relações pessoais fortes, como na prestação de serviços na área da saúde.

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